Depois de exatos dois anos, tive a honra e o prazer de voltar aos Bitcoinheiros dessa vez para conversar sobre a superioridade moral do Bitcoin.

Em nossa primeira conversa em abril de 2021, falamos praticamente só sobre O Padrão Bitcoin e desde então tinha prometido a eles que voltaria para conversarmos sobre temas um pouco mais amplos, como leis naturais, direitos naturais, Hayek e por que estes seriam assuntos importantes para o Bitcoin.

Porém, neste interregno, além de escrever os textos para este substack, tenho trabalhado em um projeto mais ambicioso de dissecar os motivos pelos quais penso que o Bitcoin é superior moralmente aos outros bens monetários e vejo que a questão das leis naturais é apenas um argumento deste debate mais amplo. Então, decidi voltar e expor em uma apresentação mais longa a totalidade dos meus argumentos.


É comum na vida universitária anglo-saxã a discussão pública do que eles chamam de working papers, ou seja, trabalhos em andamento que são debatidos por pares acadêmicos antes de sua publicação final. Quando estudei teoria do direito na Universidade de Nova Iorque (NYU), debatemos vários working papers no âmbito do Colóquio de Filosofia Jurídica, Política e Social (fundado por Ronald Dworkin e Thomas Nagel em 1987), que mantém até hoje discussões regulares semestrais de working papers de acadêmicos do mundo todo.

É uma prática muito rica para quem deseja testar ideias e refinar os argumentos antes da publicação do trabalho final. Esta minha apresentação aos Bitcoinheiros pode ser entendida como a apresentação de um working paper em um contexto não-acadêmico com especialistas no assunto. E, de fato, a discussão que tive com Ivan, Dov, Becas e Allan não poderia ter sido melhor. Como qualquer pessoa que assistir ao video poderá ver, eles tiveram a paciência de ouvir atentamente o que eu tinha para expor e fizeram comentários extremamente valiosos.


Não é a primeira vez que apresento publicamente estes argumentos. No começo do ano, eu já tinha feito uma apresentação praticamente idêntica em um meetup promovido pela Refúgio Bitcoin em São Paulo. Além da minha apresentação, Caio Leta, da Arthur Mining e autor do livro O Mundo Mágico do Bitcoin, fez uma excelente apresentação sobre como o Bitcoin pode gerar uma nova revolução energética por capturar energia ociosa. Renato Amoedo, co-autor do Bitcoin RedPill, fez uma apresentação poderosa sobre a situação da adoção do Bitcoin no Brasil e como indivíduos soberanos devem se planejar nesta guerra pela hiperbitcoinização.

Estes eventos me fizeram refletir sobre o momento em que estamos vivendo e sobre importância deste tipo de discussão. Infelizmente, embora tenhamos visto um aumento considerável de bitcoinheiros brasileiros, o Bitcoin ainda é muito mal compreendido pela população em geral. Ainda temos muito trabalho pela frente. A agenda totalitária dos governos está avançando com força e é necessário disseminar corretamente o uso e as boas práticas bitcoinheiras.


Como o Bitcoin já se provou um dinheiro sólido e que consegue facilmente ganhar escala mundial, tenho notado que as principais críticas ao Bitcoin são de natureza moral e não tanto técnicas. Por que isso? Porque se só olharmos para a perspectiva técnica, os inimigos do Bitcoin teriam que admitir que a competição livre seria a melhor forma de decidir qual moeda será adotada. Ora, se é uma questão meramente técnica, que o melhor dinheiro vença (exploro este argumento com detalhes aqui).

Como eles não conseguem admitir uma livre competição monetária, precisam atacar o Bitcoin de outras formas. Este trabalho que estou desenvolvendo é justamente uma resposta a esta estratégia. Estou certo de que finalmente encontramos o melhor dinheiro possível e que isso vai contribuir muito para o florescimento humano. Estou certo de que defender isso é defender também a verdade factual e moral. O único problema é que essa verdade ainda não está muito bem distribuída.

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